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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Flores do Caminho

"...acabamos aprendendo, de tanto viver situações
diversificadas, a estar neutros diante de qualquer
circunstância e a nos respaldar em uma
realidade mais profunda..."

Imagem Google

Flores do Caminho

Nicolas Roerich, célebre pintor russo (1874 - 1947), teve um instrutor de pintura que o orientava também para uma compreensão profunda do universo. Certa vez esse instrutor lhe disse que, quando a vida colocasse uma flor em seu caminho, não deveria poupar nenhum esforço para auxiliar seu pleno desabrochar; do mesmo modo, quando a vida colocasse em seu caminho um ser, nenhum esforço deveria deixar de fazer para auxiliar a manifestação da luz interior daquele ser.

A essa inspiradora instrução é preciso unir a busca da percepção além do que é aparente. Há em geral três tipos de visão: a dos que se limitam às aparências, a dos que sabem ou intuem sobre uma realidade maior que transcende as aparências e a dos que conhecem essa realidade e se pautam por ela.

O serviço evolutivo requer esforço no sentido de conhecer cada vez mais profundamente a existência e os seres. Ao tentar ver além das aparências descobre-se que o Eu Interior de muitos começa a esculpir-lhes na consciência e nos atos seus padrões de luz. Esses padrões precisam encontrar campo propício, confiança e alimento para transformar a conduta do ser, transformar sua vida, e essa transformação sempre se reflete no meio onde ele vive. Dessa maneira, mudanças em âmbitos mais amplos se realizam.

Os que aspiram a colaborar com essas transformações procurem ver em todos a possibilidade de renascimento, de superação de aspectos desarmoniosos, de elevação. Evitem emitir julgamentos, críticas ou comentários sobre os demais. Assim, com essa simples proposta, dão importante contribuição para que flores cubram de beleza e alegria os caminhos.

Prosseguir sem Medo

O medo está profundamente arraigado na consciência do homem. Encontra-se sedimentado nas próprias células que compõem o seu corpo físico, pelo conhecimento que elas têm da existência de uma vida imortal da qual não participam integralmente, já que os planos materiais estão sujeitos à decomposição, à desintegração e à ilusória morte.

A cada instante ocupamos uma posição na roda da vida: ora em cima, ora embaixo, ora aqui, ora ali; recebemos elogios e críticas, atuamos de formas certas e erradas, somos vistos de vários modos e temos as mais variadas perspectivas. Mas com o tempo acabamos aprendendo, de tanto viver situações diversificadas, a estar neutros diante de qualquer circunstância e a nos respaldar em uma realidade mais profunda.

Assim, permanecendo nesse ponto de neutralidade, chegamos a descobrir como viver sem medo algum. Podemos então compreender a pressão que se ocultava atrás desse sentimento: ela nos move a uma maior responsabilidade e atenção para com as leis dos vários níveis da existência.

Nos momentos em que o medo nos invade, vale imensamente uma mudança total de atitude e uma coligação firme com a Luz. À medida que cultivamos a aspiração a uma existência mais abrangente que não se deixa tocar pelos acontecimentos, à medida que reconhecemos em nosso interior um elo indestrutível com a Hierarquia, e à medida que nos vemos ser conduzidos ao destino para nós traçado desde o início dos tempos, nada de externo tem poder suficiente para nos abalar. Instala-se em nós um estado de total aceitação de tudo o que nos é dado viver, somos ajudados a nos liberar dos apegos que nos aprisionam e entramos na grande liberdade de ser o que somos em união com a fonte que nos alenta.

Texto de Trigueirinho extraído do jornal O Povo

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