"O momento é de completa entrega
à Vontade Suprema"
"...Os seres humanos prolongam a dor por
estarem apegados ao mundo externo,
e não se entregarem à própria essência..."
"...O sofrimento tem sido utilizado
na esfera terrestre como meio de
amadurecimento da consciência,
quando esta não quer ascender pela razão,
intuição ou instrução..."
Geralmente, a dor advém da sensibilidade a estímulos do mundo formal e é mais pungente quando o ser está identificado com os corpos materiais. Ao desidentificar-se deles, percebe a dor sem a conotação que possuía, compreendendo-a como parte da matéria e inerente ao carma planetário. Com essa clareza, embora os corpos sofram, a consciência, ciente de sua realidade imortal, permanecerá intocada. Isso traz ao homem nova relação com acontecimentos antes encarados como adversos, o que é positivo tanto no âmbito moral quanto no sutil; traz-lhe também maior capacidade de servir, sobretudo em tempos de purificação. Obtido esse domínio sobre si, ele transcende o sentido negativo da dor e recebe seus ensinamentos.
Os seres humanos prolongam a dor por estarem apegados ao mundo externo, e não se entregarem à própria essência. Diferente seria se entendessem que a dor tem funções espirituais, morais e físicas, e que por meio dela se evita a total submissão às forças da matéria. Ademais, dor e êxtase são aspectos extremos de uma única realidade; são instrumentos para a lei criadora desvelar-se a quem, imparcial diante deles, se deixa tocar por seu infinito amor. Ao unir-se com núcleos de consciência profundos, o indivíduo constatará que aquele que sofre não é ele, mas a parte do seu ser resistente à transformação.
O sofrimento tem sido utilizado na esfera terrestre como meio de amadurecimento da consciência, quando esta não quer ascender pela razão, intuição ou instrução. Ideias, tendências e desejos equivocados retêm o fluir da vida ou desviam-no do seu curso correto, distanciando-o das leis. Apegos, hábitos arraigados ou expectativas atrasam o despertar da consciência. O atrito gerado pela retomada tardia da trilha evolutiva é o que se chama sofrimento. Tem sido importante instrutor da humanidade terrestre, que até hoje, de modo geral, pouco se tem interessado pela evolução do Todo. À medida que sua consciência se expande, o homem deixa de polarizar-se em seus próprios problemas. Pode, então, absorver parte do sofrimento global e ajudar em sua transmutação.
O sofrimento físico, por sua vez, diminuirá de intensidade se não lhe dermos importância excessiva e o tratarmos da forma correta. Por outro lado, crescerá se for alimentado com medos, dúvidas ou rejeições, energia extra que sobre ele colocamos.
O sofrimento, em geral, vem avisar-nos que algo fora de ordem necessita ser revisto e transformado em nossa vida.
A sabedoria antiga diz que é tarefa do sofrimento preparar o corpo para ser menos suscetível a desequilíbrios nas encarnações futuras, pois pela dor resíduos de antigos comportamentos desarmoniosos são "queimados" nas células, o que as torna imunizadas contra futuras consequências que a lei do carma traria.
Atitudes corretas como a de não se queixar, não ficar ansioso, permitem o desaparecimento da dor, quando atinge certo grau de intensidade. Saber que os corpos são capazes de suportar o que lhes cabe como experiência enviada pelos níveis superiores pode auxiliar no modo correto de estar diante da dor.
Num estágio mais sutil do desenvolvimento da consciência, o sofrimento passa por uma metamorfose. O homem aprende a perceber que a alegria divina existe em qualquer situação e que pode fazer-se ainda mais visível nos momentos em que, a princípio, parecia estar ausente.
Trigueirinho
em 08/01/2012
Palestras do autor poderão ser ouvidas, gratuitamente,
no site: http://www.irdin.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário