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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Divina Presença

"...A "segunda vinda" de Cristo será uma transformação da consciência humana, uma conversão do tempo para a presença, do pensamento para a pura consciência, e não a chegada de algum homem ou mulher..."


Não se apegue a nenhuma palavra. Poderá substituir "Cristo" por presença, se isso significar mais para si. Cristo é a sua essência divina ou o Eu, como por vezes é chamado no Oriente. A única diferença entre Cristo e Presença é que Cristo se refere à sua divindade íntima independentemente de você estar ou não consciente disso, ao passo que presença significa a sua divindade desperta ou essência divina.

Muitos mal-entendidos e falsas crenças sobre Cristo desaparecerão se você compreender que em Cristo não existe passado nem futuro. Dizer que Cristo foi ou será é uma contradição. Jesus foi. Foi um homem que viveu há dois mil anos e se apercebeu da Presença Divina, da sua verdadeira natureza. E por isso ele disse: "Antes de Abraão ter sido, EU SOU." Ele não disse: "Eu já existia antes de Abraão ter nascido." Isso teria significado que ele ainda se encontrava na dimensão do tempo e na identidade da forma.

As palavras "EU SOU" usadas numa frase que começa no pretérito passado indicam uma mudança radical, uma descontinuidade na dimensão temporal. É uma afirmação Zen muito profunda. Jesus tentou comunicar directamente, e não através do pensamento discursivo, o significado de Presença, de auto-realização. Ele passara para além da dimensão da consciência dominada pelo tempo para o reino do intemporal.

A dimensão da eternidade chegara a este mundo. A eternidade, evidentemente, não significa tempo sem fim, mas a ausência de tempo. Assim, o homem Jesus tornou-se Cristo, um veículo de pura consciência. E qual é a definição que, na Bíblia, Deus dá de si próprio? Deus disse: "Eu sempre fui e eu sempre serei"? Claro que não. Isso teria dado realidade ao passado e ao futuro. Deus disse: "EU SOU AQUELE QUE É". Não há aqui tempo, apenas Presença.

A "segunda vinda" de Cristo será uma transformação da consciência humana, uma conversão do tempo para a Presença, do pensamento para a pura consciência, e não a chegada de algum homem ou mulher. Se "Cristo" voltasse amanhã sob uma forma, que poderia ele ou ela dizer-lhe que não fosse isto: "EU SOU a Verdade. EU SOU a Divina Presença. EU SOU a Vida Eterna. EU Estou dentro de si. EU Estou aqui. EU SOU o Agora."

Nunca personalize Cristo. Não faça de Cristo uma forma de identidade. Como pessoas, os avatares, as mães divinas, os mestres iluminados (os pouquíssimos que são verdadeiros), não são especiais. Sem um falso eu para os apoiar, defender e alimentar, eles são mais simples e mais comuns do que o homem ou a mulher comum. Alguém com um ego forte considerá-los-ia insignificantes ou, mais provavelmente, nem sequer os veria.

Se se sentir atraído para a Presença de um mestre iluminado, é porque já existe Presença suficiente em si para você reconhecer a Presença no outro. Houve muitas pessoas que não reconheceram Jesus ou Buda, assim como há, e sempre houve, muitas pessoas que se sentem atraídas para os falsos mestres. O ego é atraído por um ego maior. As trevas não podem reconhecer a luz. Apenas a luz pode reconhecer a luz. Por isso, não pense que a luz está fora de si ou que ela só poderá surgir através de alguma forma particular. Se apenas o seu mestre for uma incarnação de Deus, quem será você então? Qualquer espécie de exclusividade resulta da identificação com a forma, e a identificação com a forma resulta do ego, por mais disfarçado que ele esteja.

Use a Presença do mestre para que ela crie um reflexo da sua própria identidade, para além do nome e da forma, e para você próprio se tornar mais intensamente presente. Depressa compreenderá que não existe nem "meu" nem "teu" na Presença. A Presença é só uma.
Texto extraído do livro:
O Poder do Agora,
Eckhart Tolle

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