Os Filhos
(Do Livro "O Profeta" de Khalil Gibran)
Uma mulher que carregava o filho nos braços disse: "Fala-nos dos filhos."
E ele falou: Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Gibran Kahlil Gibran nasceu em janeiro de 1883, no Líbano. Em 1894 foi para os Estados Unidos, juntamente com a mãe, o irmão e duas irmãs. Foi aí que passou a adotar a grafia mais simples de Khalil Gibran.
Retornou ao Líbano quatro anos depois, para completar seus estudos árabes. Lá permaneceu até 1902, quando retornou para os EUA.
Nessa época, escreveu poemas e meditações para um jornal árabe publicado em Boston, chamado Al-Muhajer (O Emigrante). Além disso, dedica-se à pintura e uma exposição de seus quadros desperta o interesse de Mary Haskell, uma diretora de escola americana. Mary oferece a Gibran custear seus estudos de artes em Paris.
Então, entre 1908 e 1910, Gibran estudou e trabalhou em Paris. Conheceu, inclusive, o artista Auguste Rodin. Em 1910, uma de suas telas é escolhida para a Exposição de Belas Artes. Foi nesse período também que o autor escreveu algumas de suas obras, como “A Música”, de 1905; “As Ninfas do Vale”, de 1906 e “Espíritos Rebeldes”, de 1908, escritos em árabe.
Posteriormente, foram escritos: “Asas Partidas”, de 1912; “Uma Lágrima e um Sorriso”, de 1914; “A Procissão”, de 1919 e “Temporais”, de 1920.
Mas, a partir de 1918, Gibran passa a escrever mais em inglês, escrevendo mais alguns livros nessa língua: “O Louco”, de 1918; “O Precursor”, de 1920; “O Profeta”, de 1923; “Areia e Espuma”, de 1927; “Jesus, o Filho do Homem”, de 1928 e “Os Deuses da Terra”, de 1931.
Apesar da dedicação aos livros, Gibran não deixou de lado o desenho e a pintura. Todos os seus livros escritos em inglês foram ilustrados pelo autor e seus quadros foram expostos em Boston e Nova York.
O escritor e pintor faleceu em 1931, em Nova York, após uma crise pulmonar.
Os livros “O errante”, O jardim secreto do Profeta” e “Curiosidades e Belezas” foram lançados após a sua morte.
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