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quinta-feira, 1 de abril de 2010

Edwin Hubble (1889 - 1953)

"...em homenagem aos seus esforços e investigações
em prol da astronomia,
foi dado o seu nome ao
primeiro telescópio espacial,
o telescópio Hubble..."

Edwin Hubble (1889 - 1953)

Edwin Powell Hubble foi um astrofísico norte-americano que nasceu a 20 de Novembro de 1889, em Marshfield, no Missouri, Estados Unidos da América.
Formou-se em Matemática e Astronomia na Universidade de Chicago, licenciando-se depois em Direito, em Oxford. Esta carreira de jurista viria a durar pouco tempo, pois teve a oportunidade de trabalhar em pesquisas no Observatório de Yerkes. A Primeira Guerra Mundial interrompeu-lhe a actividade profissional, pois teve que cumprir o serviço militar.

Em 1919, no entanto, estava já de regresso à sua paixão, a astronomia, pois nesse mesmo ano integrou a equipa do Observatório de Mount Wilson, no estado de Washington, no seu país natal. Trabalhou também no Observatório de Monte Palomar, o mais célebre e importante dos EUA.

Na sequência das suas investigações, descobre em 1923 uma cefeida (estrela cujo brilho varia segundo um período bem determinado, que oscila entre algumas horas e uma semana). Hubble, em 1924, a partir dessa descoberta, demonstrou a existência de nebulosas extra-galácticas formadas por sistemas estelares independentes. Considerou que muitas nebulosas, aparentes, mais não eram do que galáxias exteriores à nossa. Observando as cefeidas conseguiu calcular a distância entre várias dessas galáxias, do género da Via Láctea. Em 1929, confirma a teoria da expansão do universo e anuncia que a velocidade entre duas nebulosas é proporcional à distância entre ambas. A relação entre estas grandezas ficou conhecida como constante de Hubble. Quanto mais afastadas estão da Terra, parecem distanciar-se com maior velocidade, facto no qual baseou a sua teoria do universo em expansão, que mais tarde outros astrónomos desenvolveram, como Eddington, de Sitter, Lemaître e outros.

Morreu em San Marino, Califórnia, em 28 de Setembro de 1953.

Em homenagem aos seus esforços e investigações em prol da astronomia, foi dado o seu nome ao primeiro telescópio espacial, o telescópio Hubble, colocado em órbita em 1990, com o objectivo de estudar o espaço sem as distorções provocadas pela atmosfera.

Telescópio Espacial Hubble

Podes consultar também:

Telescópio Espacial James Webb (o sucessor do Hubble).

http://www.explicatorium.com/Edwin-Hubble.php

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O dia que o universo cresceu

Esse foi um outono terrível!

Isso era tudo que Edwin conseguia pensar. Havia passado semanas sem conseguir fazer uma única observação decente. Finalmente, depois das semanas de manutenção, chuva, tempo fechado e auditoria do pessoal do Instituto Carnegie ele tivera oportunidade de usar o grandão novamente.

Acordara cedo, ainda não eram nem 13 horas, o céu estava excepcionalmente claro e sem nuvens. Grace, sua esposa, havia feito uma torta de frango para o almoço e deixara um pedaço suculento para ele. Comeu.

Grace, Que dia é hoje? Perguntou. Essa história de passar as noites no trabalho ás vezes o deixava um pouco desnorteado. Acho que já estou ficando velho para isso, brincou. Aos 34 anos gozava de boa saúde e da excelente forma física que o levara a combater na primeira grande guerra.

Hoje é dia 5 de outubro de 1923 uma bela sexta-feira. Uma voz feminina, doce e irônica respondeu de um dos quartos. Não era uma casa muito grande, mas era bem confortável. Com o salário de doutor e as compensações do Mount Wilson a vida era boa e confortável. Luxuosa não. Confortável.

Leu o jornal, conversou um pouco, saboreou alguns biscoitos, conferiu um almanaque para saber a hora do por do sol e resolveu ir mais cedo. Não muito mais cedo para não despertar a ira de Grace, mas o bastante para adiantar algumas coisas.

Querida, acho que vou um pouco mais cedo, hoje teremos lua nova e sem chuva e sem núvens. Estou esperando uma noite dessas há semanas. Disse em voz alta e o mais delicadamente possível. Ouviu um Hummm como resposta. Pobre Grace. Pensou ele. Ainda não se acostumou com o marido trabalhando a noite. Subir o Mount Wilson de carro levaria uma boa hora e certamente ele ainda teria que fazer algum trabalho burocrático antes de começar suas observações. Resolveu ignorar o mal humor e sair mais cedo.

Naquele dia, a subida foi particularmente penosa. Localizado a 1700 m de altura, com o único acesso através de uma estrada de terra cercada de florestas a subida nunca era fácil. Com as chuvas das últimas semanas tornara-se quase impossível. Ainda assim, dia após dia, Edwin tinha subido aquela estrada na penumbra e, dia após dia procurado por um sinal nos céus.

Hoje seria uma grande noite, pensava ele enquanto dirigia montanha acima. Comprara um Modelo T da Ford com a ajuda de fundos do Observatório, no começo do ano, para agradar a Grace. Custara-lhe os olhos da cara. Quase seiscentos dólares, mas o sorriso que recebera de surpresa valera cada centavo. Se ao menos a maldita máquina não sofresse tanto para subir essa montanha ele poderia sair de casa um pouco mais tarde e ainda chegar antes do cair da noite.

O grandão era assim que eles chamavam o telescópio de 100 polegadas. Desde que foi inaugurado em 1918 ele tem sido disputado a tapas. Todos querem passar as noites olhando as estrelas no melhor telescópio do planeta e seus últimos turnos haviam sido muito pouco produtivos. Meses de fotos e observação e nada realmente útil.Passara meses observando a nebulosa de Andrômeda em busca de uma Cefeida e tudo que tinha eram possiblidades. Cada dia ficava mais e mais difícil justificar seus longos turnos no grandão.

Descobertas por Henrietta Swan Leavitt essas estrelas têm uma característica especial. Além da massa e do brilho intenso elas têm um período de variação de luminosidade que as caracteriza: quanto mais luminosa for uma cefeída, maior será seu período de variação de brilho, pois quanto maior o volume da estrela maior será o trajeto que as ondas de pressão deverão percorrer. A partir do momento que se conhece o período de uma cefeída, facilmente mensurável, a relação período-luminosidade permite determinar a luminosidade intrínseca dessa estrela. Por uma simples comparação com sua luminosidade aparente, deduz-se sua distância.

Sempre que pensava nisso Edwin terminava. Preciso encontrar uma com período curto, um dia ou dois. Calcular exatamente o período e pronto fecho de uma vez por todas a distância da nebulosa. Essa distância virara uma obsessão para ele. Desde que acompanhara pelos jornais o debate de 1920 entre Shapley e Curtis sobre o tamanho do universo. Edwin sentia que algo estava faltando. Algo estava errado. O modelo de Curtis fazia sentido, mas era algo difícil de provar, se não impossível. Imagine, sempre dizia a Grace: Um universo composto de quatro ou cinco galáxias iguais a nossa? De que tamanho seria? Talvez uns 400 mil anos luz.

Grace não era uma dona de casa qualquer. Além de esposa amorosa tinha real interesse nos estudos do marido e tinha verdadeira paixão por escrever. Escrevia tudo que se passava na vida do casal, desde pequenas discussões até viagens de férias.

A noite chegara. Suas mãos ágeis e fortes correram para os controles e, sem precisar olhar suas anotações reposicionou o telescópio no mesmo ponto onde parara e lá estava ela. Brilhante, decidida. A mesma estrela que vira há semanas no fim do turno. Nada mudara. Comparou as fotos da semana e nada, nenhuma alteração. Fotos do mês anterior tiveram o mesmo resultado.

Talvez tenha sido a noite clara ou apenas sorte. No canto esquerdo, embaixo, quase escondido um brilho chamou sua atenção. Tinha o tamanho aparente correto e a cor. Correu os olhos pelas chapas fotográficas pela mesa e la estava ela. Claramente mudando de intensidade.

Santo Deus! Uma cefeída! Exclamou Dois ciclos. Preciso de dois ciclos! Pensou já se sentindo um adolescente. Fotos!

Correu para comparar a luminosidade dessa estrela com as fotos tiradas ao longo da semana e lá estava ela. Clara, brilhante e com um ciclo de três dias. Mais fotos duas semanas, dois meses. Como não vi isso antes. Pensou extasiado estava aqui todo esse tempo.

Calma, falou em voz alta, mesmo estando só. Agora que você achou uma tudo que precisa fazer é calcular a distância.

Régua de calculo em uma mão, anotações na outra. Sentou-se e começou o trabalho. A mão deslizava pela régua com a mesma facilidade com que ia resolvendo as equações. Umas, duas, três vezes e finalmente levantou. Respirou fundo, acendeu o cachimbo e olhou para o grandão dizendo: Hora de parar, preciso descansar um minuto. Juntou todos os papéis e jogou-os no lixo. Com o cachimbo aceso dirigiu-se para o hall e para fora do observatório.

Realmente era uma noite linda. Milhares, talvez milhões de estrelas brilhavam contra o céu negro e aveludado. A via láctea cortava o firmamento incólume desenhando a linha que tanto fascinara os gregos antigos. Sem muito esforço ele podia marcar algumas constelações, estrelas conhecidas e traçar uma linha de horizonte a horizonte marcando todas as estrelas.

Terminou de fumar e voltou ao trabalho. Pegou as fotos mediu o período a intensidade e voltou aos cálculos. Duas horas depois foi ao telefone e ligou.

- Mr. Adams, desculpe acordá-lo senhor… Sim eu sei que horas são… Sim é importante. É Edwin, senhor, Eu encontrei uma cefeída, medi a distância até a Terra… Senhor, o Universo não tem apenas 100 mil anos luz de diâmetro. Essa estrela está a dois milhões de anos luz de distânc ia… Dois milhões… Sim senhor, Tenho certeza. Sim senhor, refiz os cálculos várias vezes. Quem está falando? Edwin Senhor, Edwin Hubble!

Edwin Hubble

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Agora você sabe por que. Quando a NASA colocou no espaço um telescópio que iria ver além do que qualquer um já havia visto deu-lhe o nome de Hubble. A história acima está romantizada, mas mantém a integridade histórica onde é essencial.

Para saber mais: Hubble, Grande Debate, Mount Wilson

por: Frank Coelho de Alcantara em 7 janeiro, 2009
http://www.depijama.com/ciencia/o-dia-que-o-universo-cresceu/

Imagens Google

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